O Teatro Renascença de Porto Alegre (RS) recebe, de 27 de junho a 6 de julho, o espetáculo “A mulher que virou bode: a história perdida de Jurema Finamour”. Em uma fusão de teatro, música ao vivo e documentário, é destacada a trajetória da jornalista e escritora influente na década de 1940, que foi perseguida pela ditadura militar e sofreu um processo de apagamento histórico.
A obra mostra como uma repórter com experiência internacional, diretora de revista feminina e amiga de intelectuais e políticos, como Carlos Drummond de Andrade e Leonel Brizola, acabou sendo completamente esquecida por todos.
As sessões ocorrem até 29 de junho, nas sextas-feiras e sábados, às 20h, e nos domingos, às 19h. Os ingressos estão à venda de forma online e direto na bilheteria do teatro, uma hora antes das apresentações. O título do espetáculo remete ao livro autobiográfico A mulher que virou bode, lançado por Jurema em 1994.

O elenco, formado pelas atrizes e cantoras Deliane Souza, Eulália Figueiredo, Iandra Cattani, Luiza Waichel e Sofhia Lovison, interpreta no palco as canções compostas especialmente para o espetáculo por Antônio Villeroy, com preparação musical de Simone Rasslan. A montagem é uma realização do Rakurs Teatro, com direção e concepção de Marcelo Bulgarelli. O projeto foi viabilizado por meio de edital do Fumproarte, da Prefeitura de Porto Alegre, e de edital da Secretaria Estadual de Cultura (Sedac-RS)/Lei Paulo Gustavo (LPG).
Multiplas facetas
No palco, as atrizes se revezam no papel de Jurema Finamour, em uma alusão às suas múltiplas facetas profissionais e pessoais. A trilha sonora original do espetáculo é de autoria do cantor, compositor e instrumentista Antônio Villeroy. Direto de Lisboa, o artista criou 12 canções que serão cantadas ao vivo pelo elenco.
A montagem também incorpora o uso de máscaras cênicas — humanas e não humanas — como elemento central da encenação, explorando o mascaramento como jogo performático. Já o cenário tem predominância do azul Portinari, criando um ambiente imersivo que reflete não apenas a estética modernista, mas também a forte ligação de Jurema com o pintor Candido Portinari.
Às sextas-feiras, as sessões do espetáculo terão interpretação em Libras. Na apresentação de 20 de junho (sexta) também haverá o recurso de audiodescrição. Em todas as sextas-feiras da temporada haverá roda de conversa, após o espetáculo, com Christa Berger, escritora e biógrafa de Jurema, sobre o livro Jurema Finamour: a jornalista silenciada, com intérprete de Libras.
A mulher que virou bode

O que levaria uma mulher a se transformar em um bode? Essa pergunta revela o apagamento histórico de Jurema Finamour, uma repórter e escritora influente nas décadas de 1940 a 1960. Perseguida pela ditadura militar, foi a primeira mulher presa política no Rio Grande do Sul, em 1965. Também sofreu um cancelamento, em vida, por parte da elite intelectual brasileira, principalmente ao lançar o livro Pablo e Dom Pablo (1975), em que critica o comportamento do poeta chileno Pablo Neruda, de quem chegou a ser secretária.
A partir das pesquisas feitas pela jornalista Christa Berger para o livro Jurema Finamour, a jornalista silenciada (Libretos, 2022), o diretor Marcelo Bulgarelli e a dramaturga Luiza Waichel mergulharam nos motivos que levaram ao esquecimento da trajetória desta também poeta e tradutora.
A peça propõe uma reconstrução da história perdida de Jurema, que morreu em 1996, no Rio de Janeiro, em uma fusão entre teatro, música ao vivo e documentário. Além da biografia escrita por Christa Berger, o espetáculo utiliza textos da própria Jurema, principalmente do livro autobiográfico A mulher que virou bode, lançado em 1994.
Exposição documental
Para o público ter a oportunidade de saber mais sobre a trajetória de Jurema Finamour, foi criada uma exposição documental inédita sobre sua vida e obra com documentos raros da pesquisadora Christa Berger e audiodescrição gravada. A exposição estará aberta ao público durante toda a temporada, após a realização dos espetáculos, no saguão do Teatro Renascença.
Serviço
A Mulher que virou bode – a história perdida de Jurema Finamour
Temporada de 27 de junho a 6 de julho
Sextas e sábados: 20h – Domingos: 19h
Local: Teatro Renascença (Av. Érico Veríssimo, 307, bairro Menino Deus), em Porto Alegre)
Ingressos: R$ 50
Meia-entrada: para estudantes, idosos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda (de 15 a 29 anos), pessoas com deficiência e profissionais da classe artística,
Ingressos à venda online e direto na bilheteria do teatro, uma hora antes das apresentações.
