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Crime

Influenciadora Laura Sabino sobrevive a tentativa de assassinato e sofre ataques nas redes

Voz conhecida da esquerda na internet, a estudante recebeu mensagens de ódio antes da tentativa de feminicídio

12.jun.2025 às 14h06
Amanda Audi
|Agência Pública
Influenciadora Laura Sabino sobrevive a tentativa de assassinato e sofre ataques nas redes

Influenciadora é uma das vozes conhecidas da esquerda na internet - Arquivo pessoal/Guilherme Gandolfi

Na manhã de 14 de março, uma sexta-feira, a influenciadora Laura Sabino estudava em seu quarto, em Belo Horizonte (MG), quando sofreu uma tentativa de assassinato. Ela estava debruçada sobre um livro quando ouviu um barulho na sala de casa. Pensou que poderia ser o seu gato e levantou a cabeça para olhar. Mas o que ela viu, pela fresta da porta, iria assombrar a sua vida para sempre. 

Nos 20 minutos seguintes, Sabino seria atingida com pelo menos nove golpes de faca desferidos pelo próprio irmão, que ainda tentou queimá-la viva. As facadas perfuraram seu abdômen, braços e ombros. Não se trata, porém, de um episódio isolado de violência doméstica, mas sim o resultado de anos de ameaças sistemáticas que misturam misoginia, perseguição política e falhas crônicas do Estado, segundo ela relata.

Documentos obtidos pela Agência Pública revelam que nem mesmo os cinco boletins de ocorrência, a inclusão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e uma medida protetiva concedida cinco dias antes do ataque foram suficientes para livrar a influenciadora da agressão que quase a levou à morte.

Com quase 1 milhão de seguidores nas redes sociais, Laura Sabino é uma das vozes mais conhecidas da esquerda na internet. Aos 25 anos, a estudante de História produz conteúdo sobre política desde 2019, e vários de seus posts “furaram a bolha” e viralizaram para fora do seu público – como quando fez um vídeo rebatendo argumentos do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira sobre o escândalo do INSS. 

Naquela sexta-feira, a influenciadora havia comprado um bolo e preparado suco para receber o pai, que estava voltando de um pós-doutorado em Portugal. Sabino tem uma profunda iração por ele, que foi o primeiro da família com formação superior, depois de vender salgados na rua para ajudar na renda da família. Ele trabalhou como professor da rede pública mineira por duas décadas e, hoje, dá aulas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde a filha também estuda.

Violência anunciada

Dois dias antes do ataque, um influenciador de direita com milhares de seguidores publicou uma fake news sobre Sabino, em que a associava a drogas e a acusava de maltratar funcionários de um prédio na Zona Sul de Belo Horizonte (onde ela nunca morou). Ela desmentiu e anunciou medidas judiciais contra o autor do post, mas ainda assim, a mentira se espalhou como rastilho de pólvora.

Nas 48 horas seguintes, a influenciadora recebeu uma montanha de mensagens de ódio e sofreu a tentativa de assassinato. Para ela, os fatos podem estar relacionados. Durante o ataque, de acordo com a influenciadora, o irmão fez menções que remeteram à notícia falsa. “Ele disse que eu era um personagem da internet, que defendo patifarias, que por isso eu estava me fodendo na internet”, afirma.

Há anos a influenciadora é atacada nas redes sociais pelos seus posicionamentos políticos, o que quase sempre descamba para agressões e ameaças. Uma das situações traumáticas foi quando usuários anônimos viralizaram um vídeo pornô como se fosse ela nas imagens – na verdade, era apenas uma outra mulher ruiva.

Sabino registrou três boletins de ocorrência relatando as ameaças, mas nada aconteceu. Com medo de os ataques ultraarem o ambiente virtual e ameaçarem a sua integridade física, ela decidiu sair de casa e ou a alternar hospedagens em casas de parentes e amigos. Foi neste contexto que Sabino ou a também ser constrangida e ameaçada pelo irmão, cujo nome não será divulgado à pedido da família.

Áudios e mensagens a que a reportagem teve o mostram que ele ligava para a irmã várias vezes por dia, a chamava de “vagabunda” e outras palavras de baixo calão, dizia que iria para casa dela pegar “tudo o que tinha dentro” e fazia ameaças com tom violento.

Em 4 de setembro do ano ado, Sabino participou de uma audiência pública sobre violência de gênero contra mulheres ligadas à política em Minas Gerais, em que relatou como as ameaças nas redes sociais se aproximavam cada vez mais de sua vida privada. Em dezembro, ela foi incluída no Programa de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos.

A influenciadora também pediu uma medida protetiva com base na Lei Maria da Penha contra o irmão, que foi autorizada em 10 de março – apenas cinco dias antes da tentativa de feminicídio. No entanto, ele foi notificado pela Justiça apenas na semana seguinte ao crime.

Com medo do que poderia acontecer e se sentindo desamparada, Sabino escondeu facas e objetos cortantes de sua casa, ou a evitar espaços abertos em eventos, reduziu a participação no cursinho comunitário que atua e diminuiu sua presença online.

“Alguém podia tanto te matar”

No áudio a que a reportagem teve o e que consta na medida protetiva, o agressor reproduz falas sexistas e homofóbicas. “Você paga simpatia para todo mundo, para essas bichas, essas pessoas aí. Você desde pequena sabe que eu não colo com esse povo, com essas patifarias, e vem me abraçar”, disse o irmão de Sabino. “Você é uma vagabunda que nem minha mãe falou”.

Sabino se recorda que, na ocasião, ela estava feliz porque o cursinho popular que ajudou a idealizar estava para começar a funcionar. Animada, deu um abraço no irmão. Ele se trancou no quarto e mandou um áudio a chamando de “filha da puta” e “desgraçada”, seguido das críticas ao cursinho e a culpando pelo seu quadro depressivo. 

Nas semanas seguintes, depois de ligar diversas vezes para a irmã, que evitava atender, ele mandou uma mensagem ameaçadora. “Mas alguém podia tanto te matar, vei. Na moral. Vagabunda”, escreveu.

Nos meses anteriores ao crime, Sabino e seu pai procuraram formas de lidar com a situação. Eles pagavam por tratamento especializado para o irmão, mas perceberam que o seu quadro de saúde mental se deteriorava. Pediram ajuda a unidades de saúde que pudessem oferecer internação, mas não encontraram vaga pelo sistema público e os preços de clínicas particulares avam das dezenas de milhares de reais, o que é incompatível com o orçamento da família.

Com a relação impossível dentro da casa do pai, o irmão foi morar com uma tia na metade do ano ado. Depois, no fim de 2024, se mudou para a casa da mãe, que, segundo a família, deixou o convívio com os filhos quando eles ainda eram crianças, sem participação emocional ou financeira durante o crescimento deles.

A Agência Pública tentou contato com a defesa do irmão de Sabino mas, segundo a Defensoria Pública de Minas Gerais, ainda não houve designação de um defensor para o caso.

A tentativa de feminicídio

Segundo Sabino, o agressor saiu cedo da casa onde estava morando nos últimos meses e foi de ônibus até onde a irmã estava. Chegando lá, por volta das 10h, ele pulou o muro [o barulho que Sabino escutou] e pegou o que encontrou na cozinha: duas facas de serra. Se encaminhou ao quarto de Sabino e imediatamente começou a golpeá-la. 

Ela só teve tempo de levar os braços para a frente do rosto, no intuito de se defender. Ela inicialmente achou que estava recebendo socos, até começar a sentir uma ardência incomum e algo quente escorrendo. Foi então que olhou para baixo, viu o chão cheio de sangue e entendeu que na verdade estava sendo esfaqueada. “Pensei que ia morrer. Sentia meu corpo ficando mais fraco. Esse episódio aconteceu em uns 20 minutos, mais ou menos, mas na minha cabeça foram duas horas”, diz.

Entre luta física e desmaios, a influenciadora sentiu algo gelado em sua perna e um cheiro forte. Nesse momento, ela percebeu que ele tinha jogado álcool gel em seu corpo e estava tentando a matar queimada. “Senti que a cama deu um desnível, como se ele tivesse se levantado. Abri o olho e vi ele indo na mochila dele pegar o fósforo. Nessa hora saí correndo, consegui pegar o celular e corri”, conta ela. “Quando ei da porta do quintal, liguei pro meu namorado e falei: “Ele me matou. Ele conseguiu. Eu vou morrer”.

O autor foi preso em flagrante, que depois foi convertida em prisão preventiva. Hoje ele segue preso em Belo Horizonte, enquanto aguarda julgamento.

“Vou ficar doce igual caramelo”

A família diz não saber ao certo o que levou o agressor a cometer um ato tão extremo. O relacionamento era marcado por conflitos e episódios de agressividade, mas ninguém imaginava que a situação pudesse chegar a uma tentativa de feminicídio. No entanto, eles levantam algumas hipóteses.

Segundo Sabino, o irmão apresentava piora na saúde mental e nos episódios violentos, e o tom ameaçador teria se agravado com a notícia do pós-doutorado de seu pai. As intimidações também teriam aumentado depois que ele se mudou para a casa da mãe e interrompeu o tratamento psiquiátrico.

No boletim de ocorrência registrado no dia do crime, o agressor disse a sua versão. “Segundo o autor, ele pulou a janela e foi para matá-la e posteriormente cometer autoextermínio, utilizando álcool e fogo. Ele alega que queria fazer isso para atingir o pai e deixá-lo com remorso, pois alega que o pai tem o hábito de tomar o seu dinheiro”, diz o documento.

Dois áudios a que tivemos o, porém, contam uma história diferente. Neles, o agressor fala que não queria trabalhar e esperava ter o ao dinheiro do pai. Em uma das mensagens, ele diz que iria tentar uma perícia com um médico, que não ia trabalhar “nem fodendo”, e que o ano foi “sabático”. 

Em outra mensagem, ele diz ao amigo que esperava que o pai voltasse do pós-doutorado “com mais dinheiro”. “Ele deve comprar uma casa pra ele, ele já tem uma casa aqui, deve vender. A vida dele vai melhorar muito financeiramente, aí deve mandar dinheiro pra mim, fico suave. E aí, quando ele falecer, é que nem Munhoz e Mariano [Recita a música “Camaro amarelo”, da dupla sertaneja]: Aí veio a herança do meu velho e resolveu os meus problemas, minha situação. E do dia pra noite fiquei rico, tô na grife, tô bonito, tô andando igual patrão. Aí vou ficar doce igual caramelo, viado”.

A vida após a sobrevivência

Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte em que Sabino cresceu, figura entre os piores lugares do país para ser mulher segundo um levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), que avalia o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) feminino. Criada na periferia, ela atua desde adolescente em coletivos de acolhimento a vítimas de violência doméstica — mesmo quando, paradoxalmente, hesitava em reconhecer-se como uma delas. “Queria manter minha dignidade e ajudar outras mulheres”, diz.

Retomando a rotina, o que inclui os estudos e o trabalho nas redes e em movimentos sociais, Sabino afirma que suas convicções seguem firmes. “Essa violência foi apenas um episódio de uma vida inteira de luta”, ela diz, frisando que não se vê como uma vítima.

Ela só resolveu falar sobre o episódio agora, quase três meses depois da tentativa de feminicídio, após receber mensagens perturbadoras nas redes sociais. “Comecei a ver comentários como: ‘Laura, você devia fazer mais vídeos de corte, ouvi dizer que você é boa com cortes’, no Twitter e Instagram”, relata. “Prefiro contar minha história a um veículo sério, que apure os fatos com justiça, antes que a extrema direita distorça tudo. Não quero que tratem isso como mero furo jornalístico”, afirma.

Os números mostram que a violência que Sabino sofreu não é um caso isolado. Segundo o estudo “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, das organizações Terra de Direitos e Justiça Global, quase metade dos ataques políticos entre 2022 e 2024 tiveram mulheres como alvo – a maioria começa pelas redes sociais, e, depois, pode migrar para o “mundo real”, como parece ter sido o caso da influenciadora.

“A luta de Laura simboliza mais do que resistência: ela escancara a urgência de políticas efetivas de proteção a defensores e defensoras de direitos humanos. É preciso garantir que ativistas como ela possam continuar seu trabalho sem medo, com dignidade, segurança e respeito”, disse, em nota, a equipe do Programa de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos de Minas Gerais, que Sabino faz parte.

Aos poucos, ela e o pai retomam suas atividades e tentam processar o trauma. “Alguns dias são mais leves, outros são pesados. Quando deito na cama, tudo volta na minha cabeça. É como um luto”, ela desabafa.

Editado por: Mariama Correia
Conteúdo originalmente publicado em Agência Pública
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